Caxemira tem assistido a uma série de assassinatos de hindus, incluindo trabalhadores imigrantes de estados indianos, depois de Nova Deli ter posto fim ao estatuto semi-autónomo da região em 2019.
A polícia indiana informou que homens armados mataram pelo menos 20 turistas numa estância turística em Caxemira, na parte da região controlada pela Índia.
Dois oficiais superiores da polícia disseram que pelo menos quatro homens armados, que descreveram como sendo militantes, dispararam à queima-roupa contra dezenas de turistas.
Referiram ainda que pelo menos três dezenas de pessoas ficaram feridas, muitas das quais em estado grave.
As autoridades recolheram pelo menos 20 corpos no vale de Baisaran, a cerca de cinco quilómetros da cidade turística de Pahalgam, na região contestada.
A polícia descreveu o incidente como um “ataque terrorista” e culpou os militantes que lutam contra o domínio indiano.
O incidente parece ter sido uma mudança importante no conflito regional, no contexto do qual os turistas têm sido, em grande parte, poupados.
“Este ataque é muito maior do que qualquer outro que tenhamos visto dirigido a civis nos últimos anos”, escreveu Omar Abdullah, o mais alto responsável eleito da região, numa publicação nas redes sociais.
A polícia está à procura dos atacantes e não houve qualquer reivindicação imediata de responsabilidade.
O ministro do Interior da Índia, Amit Shah, optou por deslocar-se a Srinagar, a principal cidade da região de Caxemira, controlada pela Índia, na sequência do sucedido.
O primeiro-ministro Narendra Modi, que se encontra em visita oficial à Arábia Saudita, foi informado do sucedido.
“Vamos atingir duramente os perpetradores com as mais duras consequências”, escreveu Shah, nas redes sociais.
Mirwaiz Umar Farooq, um dos principais líderes da resistência em Caxemira, condenou o que descreveu como um “ataque cobarde a turistas”, tendo escrito nas redes sociais que “tal violência é inaceitável e contra o 'ethos' de Caxemira, que acolhe os visitantes com amor e carinho”.
O ataque coincidiu com a visita à Índia do vice-presidente dos EUA, JD Vance, que está a efetuar uma viagem de quatro dias de caráter pessoal.
“Nos últimos dias, ficámos impressionados com a beleza deste país e do seu povo. Os nossos pensamentos e orações estão com eles enquanto choram este terrível ataque”, apontou Vance, nas redes sociais.
O vale de Pahalgam é um destino turístico popular, rodeado de montanhas cobertas de neve e pontilhado de florestas de pinheiros. É visitado por centenas de turistas todos os dias.
A Índia e o Paquistão, rivais com armas nucleares, istram cada um uma parte de Caxemira, mas ambos reivindicam o território na sua totalidade.
Caxemira tem assistido a uma série de assassinatos de hindus, incluindo trabalhadores imigrantes de estados indianos, depois de Nova Deli ter posto fim ao estatuto semi-autónomo da região em 2019 e ter restringido drasticamente a dissidência, as liberdades civis e a liberdade dos meios de comunicação social.
As tensões têm estado a crescer à medida que a Índia intensificou as suas operações de contra-insurreição.
A região, conhecida pelo sopé dos Himalaias, pelas casas flutuantes decoradas com requinte e pelos prados imaculados, tornou-se um importante destino turístico nacional.
Caxemira tem atraído milhões de visitantes que desfrutam de uma estranha paz mantida por omnipresentes postos de controlo de segurança, veículos blindados e soldados em patrulha.
Embora a violência tenha diminuído nos últimos tempos no Vale de Caxemira, o coração da rebelião anti-Índia, os combates entre as forças governamentais e os rebeldes deslocaram-se em grande parte para áreas remotas da região de Jammu, incluindo Rajouri, Poonch e Kathua, onde as tropas indianas enfrentaram ataques mortais.
Os militantes da parte de Caxemira controlada pela Índia têm vindo a lutar contra o domínio de Nova Deli desde 1989.
Muitos cidadãos locais muçulmanos apoiam o objetivo dos rebeldes de unir o território, quer sob o domínio paquistanês, quer como país independente.
A Índia insiste que a militância na Caxemira é terrorismo patrocinado pelo Paquistão.
O Paquistão nega a acusação e muitos cidadãos de Caxemira consideram-na uma luta legítima pela liberdade.
Dezenas de milhares de civis, rebeldes e forças governamentais foram mortos no conflito.