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Fome declarada oficialmente no Sudão do Sul

Fome declarada oficialmente no Sudão do Sul
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De Rodrigo Barbosa com AFP
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O governo do Sudão do Sul decretou pela primeira vez oficialmente que a fome afeta várias partes do país.

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O governo do Sudão do Sul decretou pela primeira vez oficialmente que a fome afeta várias partes do país. Uma situação que as agências humanitárias dizem ser “causada pelo homem”, devido à guerra que devasta o país há mais de três anos. Um conflito que fez mais de três milhões de deslocados, uma grande parte dos quais procurou refúgio no vizinho Uganda.

A região petrolífera sul-sudanesa de Unidade, rica em petróleo, é uma das mais afetadas e, segundo a ONU, mais de 100.000 pessoas sofrem aí com a fome.

Challiss McDonough, porta-voz do Programa Alimentar Mundial, diz que “não é uma palavra usada de forma ligeira […] mas infelizmente chegou-se a uma situação em que é exatamente o que está a acontecer [no Sudão do Sul]: uma fome”.

A guerra opõe essencialmente as tropas do presidente Salva Kiir, de etnia dinka, aos apoiantes do antigo vice-presidente Riek Machar, de etnia nuer.

Num campo de refugiados no Uganda, uma sul-sudanesa explica que perdeu “tudo” devido ao conflito, acrescentando que “eles mataram muitas pessoas” e que ela “temia pela vida”.

Com ambas as partes acusadas de cometer atrocidades, as Nações Unidas temem que a guerra no Sudão do Sul – que já fez dezenas de milhares de mortos – se transforme num genocídio.

Jonathan Pedneault, investigador da ONG Human Rights Watch para o Sudão do Sul, explicou à euronews a situação atual no país.

Jonathan Pedneault: A situação no Sudão do Sul, em termos de direitos humanos, está entre as piores do continente e do planeta.

Nos últimos três anos, o governo e as forças da oposição conduziram uma guerra extremamente abusiva, visando continuamente civis, em total impunidade.

Quais são so fatores que provocam a falta de alimentos?

JP: Existem vários fatores, incluindo as secas sazonais e uma economia em crise.

No entanto, a atual escassez de alimentos e a fome consequente declarada pela ONU em partes do Sudão do Sul não pode ser dissociada do conflito e dos abusos que têm ocorrido nos últimos três anos.

Em muitas áreas do país, civis foram deslocados à força pelas armas e viram as suas casas e meios de sustento destruídos pelos combates.

Atualmente, mais de 3,3 milhões de sul-sudaneses encontra-se deslocados ou refugiados no estrangeiro. E milhões enfrentam uma grave situação humanitária, uma inflação ascendente e atores armados implacáveis, que pretendem atacá-los e às suas formas de sustento.

Qual é o seu maior receio face à situação?

JP: Estamos obviamente preocupados que a fome se alargue a outras áreas.

Mas é igualmente preocupante o facto de que direitos humanos fundamentais continuam a ser violados de forma flagrante por ambas as partes, em completa impunidade, com um leque de consequências, entre as quais a crise humanitária e a fome são as mais visíveis.

O que pode ou deve fazer o governo e a comunidade internacional?

JP: É preciso reagir à fome com mais assistência humanitária, mas não se pode solucionar o assunto sem se ocupar das raízes do problema.

No centro da questão está a continuação dos abusos, tanto por parte das forças do governo como da oposição, em total impunidade, e a obstrução que fazem à assistência humanitária a determinadas áreas do país.

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