{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2014/03/31/franca-virou-a-direita" }, "headline": "Fran\u00e7a virou \u00e0 direita", "description": "Fran\u00e7a virou \u00e0 direita", "articleBody": "Uma onda azul, outra azul marinho. O desencanto dos ses com o seu presidente e as suas pol\u00edticas foi expresso, com for\u00e7a, nas elei\u00e7\u00f5es municipais. 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Falamos como Martial Foucault, Diretor do Centro de Pesquisa de Ci\u00eancia Pol\u00edticaEuronews: O que salta \u00e0 vista \u00e9 a derrota do Partido Socialista que perdeu v\u00e1rios munic\u00edpios para a direita. \u00c9 certo que estamos a falar de elei\u00e7\u00f5es aut\u00e1rquicas, mas podemos dizer que os eleitores pretendiam castigar o presidente e o governo?Martial Foucault: \u201cCreio que depois da primeira volta tanto o governo e como o Presidente da Rep\u00fablica se questionaram sobre o que estava em causa: um voto de protesto ou um jogo pol\u00edtico local. Sabemos desde a \u00faltima noite que estas elei\u00e7\u00f5es ficaram marcadas por um voto de protesto.Os eleitores aproveitaram as elei\u00e7\u00f5es intercalares, dois anos ap\u00f3s a elei\u00e7\u00e3o do presidente, para enviar uma mensagem muito clara, ou seja, que a a\u00e7\u00e3o do governo n\u00e3o agrada e que as consequ\u00eancias desta pol\u00edtica, no dia-a-dia, \u00e9 contestada pelos eleitores. Penso que expressaram o desejo claro de uma mudan\u00e7a na pol\u00edtica do governo.\u201dEuronews: \u201cEste escrut\u00ednio ficou marcado pela ascens\u00e3o da Frente Nacional a n\u00edvel local. Marine Le Pen considera que marca o \u201cfim da polariza\u00e7\u00e3o da vida pol\u00edtica sa. Acha que tem raz\u00e3o?Foucault: \u201cAcho que ainda \u00e9 cedo para saber se a Fran\u00e7a abandonou o sistema bipartid\u00e1rio com um bloco de esquerda e outro de direita. Vamos esperar pelas elei\u00e7\u00f5es europeias para ver se a estrat\u00e9gia de Marine Le Pen vai dar frutos. Vamos aguardar pelo final de maio para ver onde chega a Frente Nacional. Recorde-se que as elei\u00e7\u00f5es europeias tendem a beneficiar as forma\u00e7\u00f5es mais pequenas como a Frente Nacional. No final de maio, saberemos se uma terceira for\u00e7a pol\u00edtica ou a fazer parte do cen\u00e1rio pol\u00edtico franc\u00eas.\u201dEuronews: Assistimos a uma elevada taxa de absten\u00e7\u00e3o tanto na primeira como na segunda volta. Considera que se trata de um fen\u00f3meno tempor\u00e1rio? Uma express\u00e3o de descontentamento ou um sinal de aliena\u00e7\u00e3o face \u00e0 classe pol\u00edtica?Foucault: \u201cN\u00e3o podemos negar que h\u00e1 um certo cansa\u00e7o c\u00edvico por parte do eleitorado face a uma oferta pol\u00edtica que n\u00e3o satisfaz. Este \u00e9 o primeiro ponto.Em segundo lugar, observamos que em algumas cidades houve um aumento da participa\u00e7\u00e3o. Foi precisamente aqui que a Frente Nacional e a Frente de Esquerda ganharam pontos. Diria, por isso, que o eleitorado franc\u00eas se mobiliza, mas n\u00e3o perante um frente a frente das fam\u00edlias pol\u00edticas tradicionais, ou seja, o PS e a UMP.\u201dEuronews: Estas elei\u00e7\u00f5es foram seguidas de perto pela imprensa estrangeira. Na sua opini\u00e3o, o que \u00e9 mais marcante para quem acompanha a pol\u00edtica nacional a partir de outro pa\u00eds: a ascens\u00e3o da Frente Nacional, o enfraquecimento de Fran\u00e7ois Hollande ou a vitalidade renovada da direita? Foucault: \u201cDiria que se trata de uma combina\u00e7\u00e3o dos tr\u00eas elementos. Mas penso que o que a para os parceiros europeus \u00e9 a ascens\u00e3o da direita. Vamos ter um poder local \u00e0 direita e um poder nacional \u00e0 esquerda. Fran\u00e7ois Hollande n\u00e3o pode negar essas diferen\u00e7as e, a partir desta semana, h\u00e1 um ponto muito importante que \u00e9 a apresenta\u00e7\u00e3o do or\u00e7amento de Estado e do d\u00e9fice p\u00fablico em Bruxelas. Penso que os parceiros europeus t\u00eam algumas expectativas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 dire\u00e7\u00e3o econ\u00f3mica que Fran\u00e7ois Hollande vai seguir. 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França virou à direita

França virou à direita
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Uma onda azul, outra azul marinho. O desencanto dos ses com o seu presidente e as suas políticas foi expresso, com força, nas eleições municipais. Mas sem consequências diretas, no plano nacional.

A oposição, a UMP, e o seu lider, Jean Francois Cope, foram os grandes vencedores:

“Esta é a primeira vez que a UMP vence uma eleição local, desde a sua criação, e que eleição local…! É claramente uma onda azul de grande magnitude, são inúmeras vitórias e é, ao mesmo tempo, um falhanço terrível, para o Governo”, disse Cope.

Há uma consolação para o Governo: duas das três maiores cidades de França, Paris e Lyon, permanecem do lado esquerdo. Marselha mantém-se à direita.

Outras155 cidades de França, e entre elas, muitas com mais de 50 mil habitantes e históricos bastiões da esquerda, viraram à direita.

Apenas cinco viraram à esquerda e dessas, só duas têm mais de 50 mil habitantes.

Um golpe para a maioria no poder. A popularidade do chefe de Estado e do Governo está em queda. Foram os dois grandes derrotados deste escrutínio.

Nunca uma eleição local tinha registado uma tão forte taxa de abstenção. Outro sinal de desânimo, reconhecido pelo Primeiro-Ministro, Jean-Marc Ayrault:

“Esta votação, tanto a nível local, como a nível nacional, é uma derrota para o Governo e para a maioria. O Presidente da República vai retirar lições, desta eleição. E vai fazê-lo, no interesse da França”.

Mudar a liderança, ou mudar a política? O que é que vai realmente mudar, para os ses?

Votando de forma mais desinibida na extrema-direita, provam que querem outra coisa. Muitos imigrantes? Muita pobreza, o desemprego? Muita Europa? São sentimentos que existem neste eleitorado.

A Frente Nacional, de Marine Le Pen e associados, conquistou 10 câmaras, a maioria, nos arredores de Marselha.

Entre estas conquistas, há grandes cidades, tais como Béziers ou Fréjus. Cidades, em geral, onde a taxa de abstenção foi a mais forte.

Mas, para Le Pen, é um voto de adesão

“A Frente Nacional demonstrou hoje que é um movimento que suscita o voto de adesão e acredito que ninguém pode contestar isso. Os nossos eleitores votaram nos nossos candidatos. Defendemos ideias que são próprias, são as deles e as nossas”.

O verso e o reverso de umas eleições.

Uma derrota para o Partido Socialista, uma vitória para a direita e um avanço para a Frente Nacional.
É desta forma que podemos resumir as eleições municipais em França.

Falamos como Martial Foucault, Diretor do Centro de Pesquisa de Ciência Política

Euronews: O que salta à vista é a derrota do Partido Socialista que perdeu vários municípios para a direita. É certo que estamos a falar de eleições autárquicas, mas podemos dizer que os eleitores pretendiam castigar o presidente e o governo?

Martial Foucault: “Creio que depois da primeira volta tanto o governo e como o Presidente da República se questionaram sobre o que estava em causa: um voto de protesto ou um jogo político local. Sabemos desde a última noite que estas eleições ficaram marcadas por um voto de protesto.Os eleitores aproveitaram as eleições intercalares, dois anos após a eleição do presidente, para enviar uma mensagem muito clara, ou seja, que a ação do governo não agrada e que as consequências desta política, no dia-a-dia, é contestada pelos eleitores. Penso que expressaram o desejo claro de uma mudança na política do governo.”

Euronews: “Este escrutínio ficou marcado pela ascensão da Frente Nacional a nível local. Marine Le Pen considera que marca o “fim da polarização da vida política sa. Acha que tem razão?

Foucault: “Acho que ainda é cedo para saber se a França abandonou o sistema bipartidário com um bloco de esquerda e outro de direita. Vamos esperar pelas eleições europeias para ver se a estratégia de Marine Le Pen vai dar frutos. Vamos aguardar pelo final de maio para ver onde chega a Frente Nacional. Recorde-se que as eleições europeias tendem a beneficiar as formações mais pequenas como a Frente Nacional. No final de maio, saberemos se uma terceira força política ou a fazer parte do cenário político francês.”

Euronews: Assistimos a uma elevada taxa de abstenção tanto na primeira como na segunda volta. Considera que se trata de um fenómeno temporário? Uma expressão de descontentamento ou um sinal de alienação face à classe política?

Foucault: “Não podemos negar que há um certo cansaço cívico por parte do eleitorado face a uma oferta política que não satisfaz. Este é o primeiro ponto.
Em segundo lugar, observamos que em algumas cidades houve um aumento da participação. Foi precisamente aqui que a Frente Nacional e a Frente de Esquerda ganharam pontos. Diria, por isso, que o eleitorado francês se mobiliza, mas não perante um frente a frente das famílias políticas tradicionais, ou seja, o PS e a UMP.”

Euronews: Estas eleições foram seguidas de perto pela imprensa estrangeira. Na sua opinião, o que é mais marcante para quem acompanha a política nacional a partir de outro país: a ascensão da Frente Nacional, o enfraquecimento de François Hollande ou a vitalidade renovada da direita?

Foucault: “Diria que se trata de uma combinação dos três elementos. Mas penso que o que a para os parceiros europeus é a ascensão da direita. Vamos ter um poder local à direita e um poder nacional à esquerda. François Hollande não pode negar essas diferenças e, a partir desta semana, há um ponto muito importante que é a apresentação do orçamento de Estado e do défice público em Bruxelas. Penso que os parceiros europeus têm algumas expectativas em relação à direção económica que François Hollande vai seguir. Será que vai mudar o rumo ou fazer ouvidos moucos aos resultados eleitorais e tentar manter até 2017 o rumo da política económica.”

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